sexta-feira, 24 de junho de 2011

Lisboa 24.06.11

Sevilha falhou: cá em Lisboa, passeando pela Madragoa, no Hotel Janelas Verdes o sonho com ondas portuguesas, os surfistas lentos na descida e no corte, o que pensar dos triângulos líquidos parados, em que se sorve a rigidez de um cais sentimental, mareado? A conversa com Gil e sua fórmula de agüentar o carnaval: pílulas de alho, 6 a 7 dentes por dia.
Voltamos ao Martinho da Arcada, o mesmo bacalhau em lascas, suculento, posta grande preço honesto. Mas talvez o segredo de um belo bacalhau não seja apenas o preparo da posta, grelhada ou assada, mas uma textura um pouco mais rija, um produto estupendo. Os temperos agem como acréscimo. Mas se partimos para uma bacalhoada ao forno, com postas menores ou lasqueadas, atua mais a alquimia dos temperos, pimentões, azeitonas, cebolas, tomates, batatas, ovos, couve, azeite, tudo na mesma intensidade do acerto da cocção, do dessalgamento, do molho.
O garçom conversa sobre viagens, diz que gostaria de rodar o mundo como nós, que iria a Barretos, à festa do peão, ouvir canções sertanejas, tantas mulheres na tv, e deixaria a sua em casa, mas voltaria e a porta da casa estaria trancada, com outras chaves.
Cruzamos o Tejo para Cacilhas. Lisboa é sempre maio, a luz deitada, fotografia permanente. Os veleiros ao fundo lembram a cidade que não tive, mas que habito nas tardes de Ilhabela. Projetar um lugar intemporal, solar ou feérico, e nele as aspirações de plenitude das memórias de alegria, quando jovem, não da infância ou maturidade. Estar agora é estar em consciência ansiosa, em coragem, em terna alegria.

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