sábado, 3 de março de 2012

o arquiteto angelo bucci

angelo bucci podia ter ganhado o concurso para a nova sede do instituto moreira salles na av. paulista. há no projeto uma possível leveza em estruturas maciças de concreto, os grandes blocos com fendas entre si, as paredes laterais dispostas no topo com inclinações distintas, o bloco central suspenso, as torres divididas por vãos que descem da cobertura até o térreo - tudo dá a impressão de peças soltas, fáceis de compreender e de até mesmo girar ou encaixar na estrutura do todo, um edifício quase brinquedo, potência de sonho:







será que bucci deseja um prédio que decole, uma casa navio passarola? a casa de ubatuba é uma fantasia aérea:



         

vejo sempre um delírio ascencional, massas de cimento na mão de um prestidigitador; e até agora não falei dos espaços, da jogatina com a visão de quem cruza as portas, ou de quem apenas imagina o que é estar dentro de uma obra sua; sinto e vejo, apesar de nunca ter sentado nas casas de carapicuíba ou santa teresa:



   

no ensaio "pedra e arvoredo" (http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.041/644), bucci fala  sobre o desejo de expor o processo de construção das obras, do prazer de saber o que existe dentro delas, de imaginá-las sempre inacabadas, sempre em movimento. fala também do drama da ocupação de são paulo, dos rios soterrados cravejados de lixos, e traça um paralelo com a história de cidades submergidas, cujas pedras emitem hoje reflexos, bolhas, mistério.

subverter a natureza da pedra, torná-la trem, madeira, estrutura metálica, gruta atravessada por rio, parque, cubo de treva, conversa entre praça, rua e elevador, ou se tornar escritura (quiçá um poema)  - o que será a criação desse arquiteto?

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